
Edição: 5792
- 29 de outubro de 2007
HOMENAGEM
Por
que os alemães festejam?

Família
Borkenhagen reuniu descendentes em grande festa
Por Edvino Borkenhagen
Tal como ocorreu com o incentivo a colonos
(agricultores) brasileiros para colonizarem terras paraguaias,
ocorreu com os alemães que em 1763, acreditaram no convite da
czarina Catarina II, de origem alemã, pelo qual tentou atrair
com incentivos fiscais, alemães para povoar e desenvolver o
vasto império. Os czares posteriores também atraíram
colonizadores, mas já não ofereciam as mesmas vantagens, mesmo
assim, o país ainda era atrativo pela imensidão de terras
despovoadas.
Muitas das famílias que viviam na Prússia, resolveram migrar
para Wolhynia, na época dos czares, em busca de melhores
condições de vida.
Os Borkenhagen, conforme relato de Reinhold, um dos imigrantes,
também acreditaram no convite e, para lá foram. A terra era
trabalhada, os filhos iam nascendo, e a família prosperando. Em
1914, iniciou a Primeira Guerra Mundial.
Apesar de 300 mil alemães servirem no exército russo, dentre
eles o relator Reinhold Borkenhagen, foi feita uma generalizada
propaganda anti-alemã, pelos russos, sendo proibido inclusive,
falar a língua alemã em público. A discriminação chegou a tal
ponto que em julho de 1915, vieram as ordens de deportação
contra os alemães da Wolhynia. A polícia chegou armada e
obrigou-os a abandonar suas terras e partir para o leste.
Viajando dias e dias, em direção à Sibéria. Os policiais iam
ateando fogo às casas de todos os povoados, para apressar os
deportados, que passavam por povoados onde o fogo já havia
consumido tudo o que existia.Retorno
Aconteceu, estando eles em Rosischza, ouviram uma
pregação convincente que os encorajou a retornar, mas a
surpresa, como relata Reinhold, “A terra estava em poder de
judeus. Para recomprá-la tiveram que trabalhar duro.”
Encontraram a maioria das propriedades
ocupadas por invasores e uma grande devastação. Plantações,
gado, ferramentas, móveis e equipamentos, tudo que foram
obrigados a deixar lá, foi roubado. O medo dos cossacos era mui
grande.
Voltaram
a produzir, mas os soldados austríacos ali permaneciam e dos
agricultores viviam. Por muitas vezes o alimento era confiscado
e aos colonos era dado um documento que após a guerra poderiam
receber o pagamento.
Pátria-mãe
Quando retornaram à Prússia, em Königsberg, a capital,
ouviram algo que não lhes soou muito alegre: “Irmãos alemães,
por 1 ano vocês terão que trabalhar de favor, até que assimilem
a atividade e a cultura alemã, pois cada nação tem distintos
costumes. Daí, então, vocês serão efetivamente recebidos.” Só
ali se deram conta de que ingressaram como empregados, ou como
escravos, como relata Reinhold. Anos se passaram em Samluken,
onde consta que nasceu Otto, pai do iguaçuense Edvino
Borkenhagen.
Em 1927, após passarem por Kistehlen, Brakupönen, Gumbinnen;
chegaram a Berlim onde embarcaram para o Brasil, chegando aqui
em 25 de outubro.
No último 25 de outubro, os Borkenhagen, completaram 80 Anos de
Imigração. Inúmeros descendentes reuniram-se, dia 20, para
comemorar em Nova Santa Rosa-PR. Iniciando no Brasil em
Sertãozinho-SP, com a plantação de café espalharam-se pelo
Brasil.
Os Borkenhagen, conforme nos relata Edvino Borkenhagen,
têm história idêntica a muitos imigrantes alemães, pelo que as
comemorações nas famílias, no Brasil, sua nova pátria, são
constantes, fortalecendo os laços ano a ano. |